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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Filmes: "O Jogo do Exterminador"

FRACASSO MERECIDO

Uma besteira monumental que se não bastasse ser incoerente é também tediosa e sem qualquer graça

- por André Lux, crítico-spam

*Atenção: essa crítica contem "spoilers"!

Orson Scott Card sempre foi um dos mais badalados autores de ficção cientifica e seu livro “O Jogo do Exterminador” é considerado um clássico do gênero por muita gente. Como não li a obra, estava bem entusiasmado para ver o filme, que foi co-produzido pelo próprio autor, o que geralmente é garantia de que foram fiéis à obra original.

Mas nada me preparou para tamanha decepção. O filme em si é bem feitinho e tem efeitos especiais de última geração. Mas o que choca é a pobreza da história, repleta de clichês e com um final que beira o ridículo, de tão ilógico.

As duas primeiras metades do filme não passam daquela velha baboseira de “o exército vai fazer de você um homem” que já era velha há 50 anos. A única diferença é que os protagonistas agora são todos pré-adolescentes que são recrutados pelo governo para lutar contra uma possível nova invasão de uma raça alienígena que tentou invadir a Terra anos atrás e foi derrotada pela destreza de um único piloto (outra coisa sem nexo).

Um desses meninos, chamado Ender, é mais um “escolhido”, daqueles que são gênios e certamente tem tudo para vencer a guerra. Pelo menos é nisso que acredita um milico feito por Harrison Ford, que passa o filme todo com a mesma cara de quem comeu e não gostou, certamente contrariado ao perceber a fria em que se meteu.

Então somos obrigados a aguentar mais de uma hora de milicos enfezados gritando ordens na cara dos moleques, do protagonista sofrendo “bullying” dos mais velhos e dos mais fortes e de cenas de treinamentos tediosos que ainda por cima não fazem o menor sentido (pra que ficar brincando de “pegar a bandeira” e de luta marcial se eles vão enfrentar os aliens em naves?).

Se não bastasse isso, ainda temos que aturar o Ender dando chiliques depois que quase mata numa briga o seu oficial superior, feito por um garoto narigudo e franzino cujo apelido é “Gonzo”, certamente em homenagem àquele boneco dos Mupetts – por aí a gente já vê como ele é ameaçador e poderoso... Enfim, o menino desiste de ser herói, volta pra Terra, mas, claro, é convencido a retomar o treinamento depois que sua irmã fala meia dúzia de frases de efeito.

O filme conta ainda com a participação do grande ator Ben Kingsley, que certamente estava precisando pagar alguma conta, tem o rosto coberto por tatuagens e se perde num sotaque ridículo. Sem dizer que seu personagem, pela logica interna da história, teria que ter no mínimo uns 80 anos, mas não tem mais do que 60.

Cara de Ford é a melhor crítica ao filme
Para piorar tudo, ainda chamaram um dos piores clones do abominável Hanz Zimmer para fazer a trilha, um tal de Steve Jablonsky, que é uma calamidade, genérica ao extremo e que em muitas cenas confunde-se com os efeitos sonoros. 

Um músico de verdade ao menos criaria uma ótima trilha para um filme desse tipo. Mas, infelizmente, os executivos de Roliudi acreditam que o som amador, simplório e amorfo “inventado” por Zimmer é tudo que a garotada quer ouvir nos cinemas hoje, então...

“O Jogo do Exterminador” guarda uma surpresa em seu epílogo que é até interessante, porém a reação moralista do protagonista ao descobrir a verdade é tola e não faz muito sentido também. Afinal de contas, ele estava sendo treinado para ser um exterminador de aliens, não é mesmo?

Mas o que mais incomoda é realmente o final, quando descobrimos que os aliens estavam entrando em contato com Ender por meio de seu Ipad. Isso certamente é muito ridículo, primeiro porque não tinha como eles saberem que o garoto era “o escolhido” (a não ser que estivessem fazendo isso com todos os garotos, mas o filme não mostra).

Segundo, porque se eles tinham tecnologia suficiente para entrar no computador pessoal do Ender, que estava a trocentos anos luz de distância, então obviamente poderiam ter tentado contatar as autoridades da Terra diretamente para pedir uma trégua. Ou seja, é apenas uma daquelas reviravoltas tiradas do chapéu que não sobrevivem a uma análise minimamente profunda.

Há outros furos imensos na história, como quando Ford recebe a informação de que os aliens já estão a caminho da Terra, mas depois esquecem isso e no final enfrentam eles perto de seu planeta natal.

Enfim, uma besteira monumental que se não bastasse ser incoerente é também tediosa e sem qualquer graça (o filme se leva muito a sério). E para deixar um gosto ainda mais amargo na boca, o autor Orson Scott Card revelou-se um fanático religioso homofóbico da pior espécie, fator que levou os homossexuais a fazerem campanha contra o filme nos EUA, o que ajudou em seu (merecido) fracasso.

Cotação: *

3 comentários:

Anônimo disse...

Não vi o filme. O livro é muito bom - pra quem gosta de ficção científica, é claro. Algumas das incoerências que te incomodaram no filme são bem explicadas no texto. Orson Scott Card é mórmon - foi inclusive missionário aqui no Brasil -, mas a religião não tem influência na trama.
Ao que parece, a opção de transformar um livro com personagens complexos em mais um filme de ação estragou tudo.

André Lux disse...

Joel, quais são as explicações para as incoerências? Fiquei curioso...

Anônimo disse...

Quando ele deixou no filme Ender's game, não chamou a minha atenção ... Eu vi quando ele saiu em DVD e eu realmente gostei, eu espero que haja continuação.